Prisma Fiscal identifica erros de projeção de mercado superiores a valores históricos
As projeções de mercado para o déficit primário apuradas pelo Prisma Fiscal registram 10 meses consecutivos de superestimação do déficit. É o que mostra nota divulgada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, nesta terça-feira (8/6), que avalia também que os erros de previsão – com valores fora dos padrões históricos da série – estão claramente relacionados aos efeitos da pandemia da Covid-19 nas metodologias utilizadas pelas instituições.
Para o subsecretário de Política Fiscal do Ministério da Economia, Erik Alencar, há vários motivos que levam a essa quebra no padrão dos erros e não se pode assumir de imediato o pessimismo por parte do mercado. “Não é possível estabelecer o quanto dos erros se deve a questões técnicas, estatísticas, relacionadas aos métodos de projeção, e quanto se deve a expectativas subjetivas incorporadas nas previsões”, ponderou.
De acordo com o estudo, desde o início da série, em 2016, os erros de previsão do déficit primário não apresentavam viés significativo e os erros de magnitude elevada não persistiam por muitos meses. Porém, a pandemia do novo coronavírus acarretou uma quebra na série de erros. Nos cinco primeiros meses de 2020 ainda não se percebia grandes oscilações, apesar dos erros de projeção aumentarem significativamente em maio de 2020, apresentando erro de R$ 14 bilhões – muito próximo do maior valor observado na série até então.
Em junho de 2020, o governo central apresentou um déficit primário de R$ 194,7 bilhões frente aos R$ 11,8 bilhões de déficit observado no mesmo mês de 2019. Segundo a análise da SPE, este resultado é explicado por vários fatores que se combinaram em junho como uma “tempestade perfeita”: redução atípica na arrecadação; aumento histórico nas despesas do poder Executivo em função das medidas de combate à pandemia; antecipação do pagamento do 13º de aposentados e pensionistas e pagamento acumulado de precatórios.
A partir de julho, o mercado entrou em um período de 10 meses de superestimação do déficit. Não apenas a projeção de mercado se manteve com viés para cima como a magnitude do erro foi, em média, muito superior a valores históricos. O erro médio de previsão para o período foi de R$ 20,7 bilhões.
Erros de previsão (Projeção – Déficit Realizado) no período de jan/2018 a mar/2021 (R$ bilhões):
Fonte: Prisma Fiscal – SPE (2021)
Para o coordenador-geral de Política Fiscal do Ministério da Economia, Bernardo de Andrade, estimativas baixas de arrecadação e a atividade econômica em geral podem estar ancorando algumas dessas previsões, que afetam o resultado primário para baixo.
Também as despesas, que podem ter mais elementos subjetivos, como alguma expectativa de gasto maior com a pandemia. “A expectativa é de que o alinhamento das projeções de mercado, aos níveis usuais de erros, ocorra logo, em virtude dos indicadores econômicos positivos e do avanço da vacinação”, esclareceu.
Prisma Fiscal
O sistema Prisma Fiscal da SPE coleta, mensalmente, projeções de seis variáveis fiscais, incluindo o Resultado Primário do Governo Central. As instituições participantes do Prisma Fiscal enviam projeções para o mês de coleta e para 11 meses à frente. O estudo tratou somente do erro na projeção feita para o próprio mês de coleta.
A projeção apurada pelo Prisma é definida como a mediana das projeções enviadas após exclusão de valores atípicos em consonância com a metodologia adotada pelo sistema Focus do Banco Central do Brasil.
*Fonte: Ministério da Economia