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Manual SPED Fiscal: um guia sobre EFD ICMS IPI

Tudo sobre o Manual do SPED Fiscal: o que é, como consultar, principais blocos e registros, erros frequentes e mais.

O Manual SPED Fiscal é um documento técnico publicado pela Receita Federal que orienta o preenchimento correto da EFD ICMS IPI – a Escrituração Fiscal Digital do ICMS e do IPI. Ele serve como um guia para profissionais da contabilidade e da área tributária que precisam gerar, validar e transmitir esse tipo de obrigação acessória com segurança e dentro das regras estabelecidas.

Esse manual detalha a estrutura do arquivo digital, explica o que deve ser informado em cada registro e bloco, e traz exemplos que ajudam a evitar erros que podem gerar rejeições ou até mesmo multas.

O que poucos sabem, no entanto, é que mais do que uma simples documentação, o Manual SPED Fiscal é o ponto de partida para entender o funcionamento da escrituração fiscal digital e assegurar a conformidade tributária das empresas. Mas se você quiser ir além e nunca mais se preocupar com isso, veja como funciona o Corretor Automático do SPED.

O que é a EFD ICMS IPI?

A EFD ICMS IPI (Escrituração Fiscal Digital do ICMS e do IPI) é uma das principais obrigações acessórias do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Ela reúne, em formato digital, todas as informações fiscais relacionadas ao ICMS e ao IPI, como entradas e saídas de mercadorias, apuração de impostos, inventário, ajustes e documentos fiscais eletrônicos.

Obrigatória para a maioria das empresas que apuram ICMS e IPI, essa escrituração substitui livros físicos como o Registro de Entradas, de Saídas, de Inventário e o de Apuração do ICMS e IPI. Tudo precisa estar formatado em um arquivo TXT padronizado e validado com o validador da Receita Federal, o PVA (Programa Validador e Assinador).

A EFD ICMS IPI permite que os fiscos estaduais e federal façam cruzamentos eletrônicos de dados, o que exige rigor e consistência no preenchimento de cada informação.

Como consultar o Manual SPED Fiscal

O Manual do SPED Fiscal, oficialmente chamado de Guia Prático da EFD ICMS IPI, é o documento de referência que orienta contribuintes, contadores e desenvolvedores na geração, estruturação e validação dos arquivos do SPED Fiscal.

Ele é atualizado com frequência pela Receita Federal e disponibilizado no Portal Nacional do SPED. No manual, você encontra:

  • Estrutura completa do arquivo digital (blocos, registros e campos);
  • Tabelas de códigos e orientações técnicas;
  • Regras de validação e obrigatoriedade de preenchimento;
  • Instruções para uso correto do PVA (Programa Validador e Assinador);
  • Notas técnicas que atualizam regras de apuração e escrituração.

Consultar o manual com regularidade é essencial para evitar erros de preenchimento, rejeições no PVA e penalidades por inconsistência de dados. Além disso, ele é base técnica para quem atua em auditorias fiscais, parametrização de ERPs ou recuperação de créditos com base nas EFDs.

Principais blocos e registros da EFD ICMS IPI

A estrutura da EFD ICMS IPI é composta por blocos e registros padronizados que organizam as informações fiscais da empresa. Cada bloco tem uma finalidade específica e é subdividido em registros detalhados. Abaixo, destacamos os principais:

Bloco 0 – Abertura e Identificação

O Bloco 0 do Sped Fiscal contém dados cadastrais da empresa, como CNPJ, IE, endereço e o perfil do contribuinte.

Bloco C – Documentos Fiscais – Mercadorias (ICMS/IPI)

Agrupa notas fiscais de entrada e saída, com detalhamento de produtos, CFOP, CST, alíquotas e base de cálculo. É um dos blocos mais volumosos e críticos da escrituração.

Bloco D – Documentos Fiscais – Serviços (ICMS)

Registra informações sobre prestações de serviços de transporte e comunicação sujeitas ao ICMS.

Bloco E – Apuração do ICMS e do IPI

Apresenta os valores apurados de ICMS e IPI no período, incluindo créditos e débitos tributários.

Bloco H – Inventário Físico

Obrigatório anualmente, traz a posição dos estoques da empresa em 31 de dezembro (ou na data de evento específico como cisão, fusão ou incorporação).

Bloco 1 – Outras Informações

Inclui registros complementares, como ajustes da apuração e documentos fiscais diversos.

Bloco 9 – Encerramento

Contém os registros de totalização e fechamento da EFD.

Cada bloco possui registros que seguem layout técnico definido no Guia Prático.

Mudanças nas últimas versões do Manual SPED Fiscal

O Manual da EFD ICMS IPI é atualizado periodicamente para acompanhar mudanças legais, novas exigências e melhorias no processo de escrituração. Por isso, é fundamental que contadores e profissionais fiscais estejam sempre atentos às versões mais recentes. Mudanças recentes:

  • Criação e exclusão de registros: Algumas versões adicionaram novos registros obrigatórios (como o C176, para detalhamento de documentos fiscais) e eliminaram outros obsoletos.
  • Alterações de layout: Campos foram incluídos ou removidos em diversos registros para refletir novas exigências tributárias.
  • Revisões nas regras de validação: Atualizações no PVA e no validador da Receita exigem maior precisão no preenchimento de campos como CST, CFOP e alíquotas.
  • Integração com novas obrigações: Adaptação da escrituração ao cruzamento de dados com obrigações como EFD Contribuições, e-Social e Reinf.

Essas atualizações constam nos Atos Declaratórios Executivos (ADEs) e Notas Técnicas divulgados pela Receita Federal, além de serem refletidas no Guia Prático da EFD ICMS IPI — documento que deve ser a principal referência de consulta.

Dica de ouro: sempre que for gerar ou revisar um arquivo SPED, baixe a versão mais recente do validador PVA e confira se está utilizando o layout atualizado. Isso reduz as chances de erros e rejeições.

Fonte da imagem: gov.br

Como usar o Manual SPED Fiscal passo a passo

O Manual SPED Fiscal (mais precisamente, o Guia Prático da EFD ICMS IPI) não é só um documento explicativo — ele é uma ferramenta de consulta essencial para evitar erros na entrega do SPED. Saber utilizá-lo de forma estratégica pode poupar retrabalho, glosas e até multas.

Veja alguns casos de uso.

  1. Consulta por registros

    Ao gerar o arquivo, identifique os registros utilizados (como C100, C170, H005, 0200 etc.). Depois, vá ao manual e verifique a estrutura de cada registro: campos obrigatórios, formato, tamanho e tipo de dado.

  2. Validação de informações

    Use o manual para entender o que cada campo realmente exige. Por exemplo, o campo 07 do registro C170 pede o “CST do ICMS”. O manual especifica exatamente como preencher, inclusive com exemplos.

  3. Análise de erros do PVA

    Se o arquivo foi rejeitado pelo validador, use o manual para decifrar o erro. Os códigos de erro geralmente estão relacionados a preenchimentos incorretos previstos no layout.

  4. Mapeamento de dados no ERP

    Quando for parametrizar um sistema, o manual serve como base para garantir que os dados gerados estejam em conformidade com o que será exigido na hora da validação.

  5. Planejamento de entregas e atualizações

    Fique de olho nos registros novos, extintos ou alterados. Toda mudança no guia pode impactar diretamente a rotina da sua equipe.

Importante: O manual é técnico, mas foi feito para ser consultado. Não precisa decorá-lo — precisa saber onde encontrar a informação quando necessário.

Principais erros no preenchimento da EFD ICMS IPI e como evitá-los

Mesmo com o uso do Manual SPED Fiscal, alguns erros ainda são comuns na geração da EFD ICMS IPI — e podem comprometer a integridade do arquivo ou gerar problemas com o fisco. Conhecer esses erros é o primeiro passo para evitá-los. Os erros mais frequentes incluem:

  • Classificação incorreta do CST
    Muitos contribuintes usam códigos errados para o CST (Código de Situação Tributária), especialmente nos registros C170 e 0200. Isso afeta diretamente a apuração de ICMS e pode invalidar a escrituração.
  • Dados inconsistentes entre registros
    Um clássico: o item está no Registro 0200, mas aparece com descrições diferentes em outros registros. Isso pode ser interpretado como tentativa de fraude ou erro sistêmico.
  • Informações obrigatórias ausentes
    Campos obrigatórios em branco, como CFOP, NCM ou alíquotas de ICMS, geram rejeição na validação do PVA. Isso demonstra falta de controle sobre o cadastro de produtos.
  • CFOP inadequado para a operação
    Utilizar CFOPs sem conexão com a natureza da operação (ex.: venda interestadual com CFOP de operação interna) pode gerar inconsistência e auditoria automática por parte da SEFAZ.
  • Apuração incorreta de saldos de ICMS
    Muitas vezes os valores de créditos e débitos são lançados de forma errada no Registro E110, impactando diretamente o valor a pagar ou a recuperar.

Como evitar?

O papel do validador (PVA) no SPED Fiscal

O Programa Validador e Assinador (PVA) é uma ferramenta essencial para o cumprimento correto da obrigação do SPED Fiscal. Sem ele, é impossível transmitir a EFD ICMS IPI.

O PVA foi criado para garantir que o arquivo gerado pelo contribuinte esteja em conformidade com as regras estabelecidas pela Receita Federal e pelas Secretarias de Fazenda Estaduais.
Antes do envio oficial, o arquivo é submetido ao PVA, que realiza uma série de validações automáticas.

Essas validações incluem:

  • Verificação de obrigatoriedade e preenchimento correto dos campos;
  • Consistência lógica entre informações de diferentes registros;
  • Cálculo automático de saldos e tributos;
  • Confronto de informações fiscais, como NCM, CFOP, CST, alíquotas e valores.

Se houver erros, o sistema gera relatórios de inconsistência que precisam ser corrigidos antes da assinatura e transmissão do arquivo.

Como funciona na prática?

  1. Importação do arquivo
    O arquivo EFD ICMS IPI é gerado no ERP ou software fiscal da empresa e importado no PVA.
  2. Validação
    O programa analisa todo o conteúdo e aponta erros, advertências e pendências.
  3. Correção
    O usuário deve corrigir as inconsistências no sistema de origem ou diretamente no PVA.
  4. Assinatura digital
    Após a validação sem erros, o arquivo é assinado digitalmente com certificado ICP-Brasil.
  5. Transmissão
    O arquivo assinado é transmitido ao ambiente da Receita ou da Secretaria de Fazenda.

Importante: o sucesso no PVA não garante que o arquivo esteja perfeito — ele apenas atesta que ele respeita as regras formais. O conteúdo fiscal e tributário continua sendo de responsabilidade do contribuinte.

Erros comuns na utilização do Manual SPED Fiscal

Mesmo com o Manual SPED Fiscal disponível, muitos profissionais cometem erros que podem gerar inconsistências, multas e retrabalho.

  • Não acompanhar as atualizações do manual
    Usar versões antigas do manual leva ao preenchimento incorreto de registros que foram modificados ou excluídos.
  • Erro no preenchimento de campos obrigatórios
    Deixar campos obrigatórios em branco ou preenchê-los de maneira incorreta é uma das principais causas de rejeição no validador PVA.
  • Confusão entre códigos de CFOP e CST
    Usar CFOP ou CST incompatíveis com a operação gera problemas fiscais sérios e pode comprometer a apuração de ICMS, IPI e outros tributos.
  • Desatenção na geração dos registros do Bloco K
    Informações incorretas no Bloco K podem gerar inconsistências graves, especialmente em empresas industriais obrigadas a reportar produção e estoque.
  • Falha na integração com sistemas ERP
    ERPs desatualizados ou parametrizados de maneira incorreta geram arquivos inconsistentes que não passam pelas validações do SPED.
  • Ignorar as Notas Técnicas complementares
    As Notas Técnicas são complementos obrigatórios do manual. Ignorá-las significa ignorar atualizações e correções importantes.
  • Não validar previamente o arquivo no PVA
    Gerar o arquivo e transmiti-lo sem rodar uma pré-validação no Programa Validador e Assinador (PVA) é um erro que pode ser evitado com uma simples conferência prévia.

Conclusão: Manual SPED Fiscal como aliado da conformidade

O Manual SPED Fiscal é mais do que um guia técnico: ele é a bússola que orienta empresas, contadores e consultores tributários na correta escrituração da EFD ICMS IPI. Em um cenário onde o fisco automatizou o cruzamento de informações e ampliou a fiscalização eletrônica, entender a estrutura dos blocos, acompanhar as atualizações e interpretar corretamente o manual deixou de ser um diferencial — é uma obrigação estratégica.

Além disso, dominar o manual permite reduzir riscos de multas, garantir a conformidade tributária e até identificar oportunidades de otimização na operação fiscal.

Lembre-se: erros simples, como falhas de preenchimento ou uso de códigos desatualizados, podem gerar grandes dores de cabeça. Portanto, investir na leitura, atualização constante e uso correto do Manual SPED Fiscal é um dos caminhos mais seguros para manter sua empresa — ou a de seus clientes — protegida e competitiva no ambiente tributário digital.

Editor do SPED Fiscal no Excel

O Editor do SPED Fiscal é uma funcionalidade da Plataforma eA que permite a correção de arquivos fiscais (SPED Fiscal) diretamente no Excel, de forma rápida, prática e consolidada. Com ele, você não precisa abrir nota por nota no PVA ou editar arquivos TXT manualmente.

FAQ – Manual SPED Fiscal: perguntas frequentes

O que é o Manual SPED Fiscal e para que ele serve?

O Manual SPED Fiscal, também chamado de Guia Prático da EFD ICMS IPI, é o documento oficial da Receita Federal que orienta o preenchimento correto dos arquivos digitais de ICMS e IPI, detalhando estrutura, blocos, registros, campos obrigatórios e regras de validação.

Onde consultar o Manual SPED Fiscal atualizado?

Você encontra o Manual no Portal Nacional do SPED. É fundamental acessar sempre a versão mais recente, pois o documento é atualizado periodicamente para refletir mudanças na legislação, inclusão ou exclusão de registros e novas regras de validação.

Quais são os principais blocos da EFD ICMS IPI?

Bloco 0 (dados cadastrais),
Bloco C (notas fiscais de mercadorias),
Bloco D (serviços de transporte e comunicação),
Bloco E (apuração de ICMS/IPI),
Bloco H (inventário físico) e
Bloco 9 (encerramento da escrituração).

O que mudou nas últimas versões do Manual SPED Fiscal?

Entre as mudanças recentes estão: criação de novos registros, exclusão de campos obsoletos, ajustes no layout técnico, maior rigor nas validações do PVA e integração com outras obrigações como EFD-Contribuições e Reinf. Por isso, acompanhar as atualizações é essencial.

Quais são os erros mais comuns ao usar o Manual SPED Fiscal?

Os erros mais frequentes são: não acompanhar atualizações, preencher campos obrigatórios de forma incorreta, usar códigos CFOP e CST inadequados, ignorar Notas Técnicas complementares e não validar o arquivo no PVA antes da transmissão.

Maurício Gomide

Começou como jornalista raiz, trabalhou como redator publicitário e nos últimos anos migrou para o marketing, atuando principalmente em frentes de conteúdo, SEO e inbound. Atualmente, é Coordenador de Marketing na e-Auditoria.

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